Leitores queridos, estou voltando!
Depois de muito, muito tempo sem escrever nada, hoje criei coragem para escrever. Coragem para escrever novamente e coragem para escrever sobre o tema.
Há muito tenho ensaiado para escrever sobre a "Sindrome do Pânico", mas sempre ficava na dúvida. Medo e vergonha do que as pessoas podiam pensar a meu respeito. Mas não escrever sobre
um dos momentos mais dificeis da minha Vida estava me incomodando...
2010 foi definitivamente um ano muito diferente de todos os que já vivi. Situações novas, perdas, processo de funcionário, stress extremo, dependência financeira da familia... Uma série de situações que a primeira vista me enfraqueciam (hoje vejo como me fortaleceram), mas eu, como uma boa leonina, seguia firminha e forte, sem (aparentemente) deixar me abalar. Mas... como todos falam, o nosso corpo é uma maquininha, e nossa mente e cérebro então uma Ferrari (!), em meados do segundo semestre essa máquina literalmente parou!
Não entendia nada do que estava acontecendo comigo. Uma dor de estômago insuportável, que chegava a me dar
ânsia (ansiedade), breves momentos de
deja vü, um leve
medo de tudo e todos, uma ansiedade que eu não descobria de onde vinha. Esse medo foi crescendo gradualmente. Não conseguia almoçar, jantar, beber água, suco, refrigerante, ou seja, não conseguia me alimentar. Começou a passar as piores coisas pela minha cabeça, que doença era essa??? Uma gastrite avançada, um câncer, coisas que eu jamais podia imaginar passavam pela minha cuca.
Gradualmente, fui me afastando dos meus amigos.
Não saía de casa, tinha medo de atravessar a rua, medo de olhar pela janela, medo de ficar sozinha, medo de ficar acompanhada, medo de lugares cheios e num extremo, tive até medo de tomar banho! Até medo de ir ao lugar onde sinto a presença de Deus, e pedir uma oração. Pensei até em macumba, feitiçaria, mau olhado!!! Quem teria feito uma coisa dessas comigo???
Um certo dia,
tive um apagão! Onde estava??? Só sabia quem eu era, mas não lembrava onde estava e que lugar era aquele! Fomos ao neurologista, um dos mais conceituados de São Paulo. Ele ouviu eu contar tudinho, e deu o diagnóstico:
stress. Pediu exames, que deram completamente normais. Aconselhou que eu procurasse uma terapia, um psicólogo e até mesmo um psiquiatra. Ha ha ha psiquiatra??? Médico de loucos, para eu tomar um monte de remédios e ficar dopada o dia inteiro??? Nãnãni... Preferi procurar o gastro, a endócrino, fazer os exames para saber como estava o meu câncer (!). Todos os exames completamente normais.
E esse medo intenso aumentando a cada dia.
Não saía mais para trabalhar. Não saía mais na rua. E quando saía, tinha que apertar a mão de quem estava comigo para atravessar a rua. Melhor ficar em casa. Sudorese. Eu, (e quem me conhece sabe) que sempre fui soneca, acordava no meio da noite e não conseguia mais dormir.
Comecei a pesquisar sobre todos esses sintomas e tudo era muito claro:
Sindrome do Pânico. Tratamento: procure um psiquiatra. Ou eu acabava com esse pré-conceito sobre o profissional ou ficava trancada em casa para o resto da vida. Comecei a ler mais sobre os tipos de tratamento, lia depoimentos de pessoas que passavam pelas mesmas coisas que eu estava passando, reportagens em revistas, e descobri que era possivel estabilizar e até curar a doença! Tudo o que eu mais queria era a cura para essa enfermidade. Então, lá fui eu, procurar um psiquiatra. Através de indicações cheguei até a Dra Dalka.
Através dos meus relatos foi constatado, realmente eu estava com Sindrome do Pânico. Gostei dela na primeira consulta. Principalmente por que me explicou exatamente todo o mecanismo. Como sou da área médica, entrou em detalhes e pude compreender melhor tudo o que estava acontecendo. Melhor ainda, pediu para que eu procurasse um terapeuta, e terapias alternativas, pois só o tratamento com psiquiatra não seria suficiente. Mais: quebrei o tabu sobre remédios controlados. Tomo apenas uma medicação para suporte. Hoje, apenas 8 gotinhas do famoso
Rivotryl por dia. Não que eu ache legal tomar as "gotinhas da felicidade". Mas que bom que consegui
controlar meu pânico apenas com esse remédio. Ouço e leio casos de pacientes que tomam mais de dois remédios controlados por dia, e ainda assim, não conseguem controlar todo o pânico.
Corri atrás de todo o tempo perdido:
me matriculei em uma academia, melhorei minha alimentação, voltei a cuidar do meu lado espiritual, trabalho com o que gosto e aos poucos es
tou voltando a minha Vida social normal. Claro, que depois de tudo isso, não foram todos os amigos que suportaram ficar do meu lado. Quem tinha paciência para me ligar, para me fazer uma visita quando eu não conseguia sair de casa? Que amigo teria paciência para sair comigo apenas para um jantar, um cinema, e não mais para as baladas? Que amigo queria ficar ao meu lado, me dar força e esperar, com paciência toda essa fase passar? A resposta eu tenho na ponta da língua! Que bom descobrir quem são meus amigos verdadeiros!!!
Hoje, me sinto muito, muito melhor, digamos que estou 90%. Tenho uma familia maravilhosa, comigo pro que der e vier. Descobri quem são meus amigos verdadeiros e aqueles passageiros.
Aprendi a me preocupar menos com a opinião alheia. Deixem pensar que Sindrome do Pânico é "frescura", coisa de quem não tem o que fazer. Quem me conhece sabe, que faço, que trabalho e muito. Trabalho como uma louca, graças a Deus!!! Sou grata por ter dons maravilhosos, que me permitem trabalhar com dois oficios que amo!!!
Aprendi a trabalhar no meu tempo, no meu limite. Quem quiser, me aceite assim! Se não quiser, não vou entrar em "pânico" rsrs.
O balanço final de tudo isso, claro, é positivo! Entrei em uma situação fraca e saio dela cada dia mais forte! Descobri que a minha Fé está mais inabalável do que nunca!!! Na busca pela perfeição aprendi a me culpar e me cobrar menos... Afinal, ninguém é perfeito :)